Meu Diário
08/04/2015 21h04
Minha entrevista à poetisa e ativista cultural Soninha Porto da comunidade Poemas á flor da pele

ENTREVISTA: UM BELO ROSTO, UMA BELA POETA!: MARCIA TIGANI! ~ Portal Poemas à Flor da Pelehttp://www.poemasaflordapele.com.br/2015/04/entrevista-um-belo-rosto-uma-bela-poeta.html

 

Entrevista a uma das queridas poetas de Poemas à Flor da Pele, conosco desde o ORKUT, autora já de dois livros de poesia:Caminhante Prosas e Rimas ao vento, pela Editora Somar e Navegações e Paragens, edição independente.

 

É ativa participante do grupo em eventos, seja em São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre. Divide-se em seu papel de Mãe, de sua Gabriela, seu trabalho como médica psiquiatra e em escrever poesia. Nasceu em São Paulo e mora em São José dos Campos/SP.

 

(POEMAS) 1 - Quando descobriu a tua veia poética?

 

Márcia - Na verdade, desde que me conheço por gente, eu me reconheço poeta, mas aos nove anos de idade, lembro-me bem que meu pai presenteou-me com livros de poesias, entre eles o "OU ISTO OU AQUILO" de Cecília Meirelles e um caderninho onde eu poderia escrever o que eu quisesse. E   ali   iniciou-se  uma   história de  amor  entre  as  letras  e  eu.

 

(POEMAS) 2 – O que é para ti o ato de criar e em que momentos a inspiração chega? O que na verdade te inspira?

 

Márcia - O ato de criar     é reflexo da parte saudável de toda psiquê... O ato de criar é libertador e projeta     inúmeras facetas de nosso inconsciente individual e coletivo naquilo que se transforma em arte. Mas   a  arte  em  si    alem  de  expressar  o  lado  sadio  de  nossa mente,  ela  expressa   também   uma  busca      de   unidade,  de   integração    psíquica  ,  ou  seja,  ela    propicia    também a organização  mental    do  artista..

Para mim a inspiração aparece em momentos de maior introspecção, não necessariamente em momentos ruins, mas em momentos em que busco um contato maior com meu ser,     um estado de necessária solidão para que eu me reconheça indivíduo, de necessária comunicação      do ser com seus estados da alma através do verso.  O poema é quase um sexto sentido que o ser humano possui: através dele fluem       sensações e percepções acerca do mundo em que vivemos, como um sentido a mais, que possibilita ao poeta enxergar o mundo     de forma muito particular.

O que mais me inspiram      são temas sociais e a humanidade no que ela tem de mais dolorosa, bela, e coletiva: as grandes dores humanas     como a     falta, a fome, o cerceamento da liberdade, a paixão, a solidão, a exclusão. Não   me interessa  falar diretamente   de  mim  pessoa,  mas   através   dos meus  olhos   de  poeta,  falar sobre  o   que  é  comum  à todos. O que me inspira são as dores universais.  

 

(POEMAS) 3 - Quais, entre tuas obras, os três poemas que escrevestes e que te deixam realizada por ter escrito. Coloque-os aqui para nós.

 

Márcia - Para mim há poemas que eu reconheço que falam dos sentimentos humanos aos quais me referi na pergunta anterior, sentimentos que são coletivos.   Então vou citar três destes para exemplificar:

 

 

imagem Google

 

O HOMEM E O MAR

 

  Havia um vasto mar

 desses a se perder de vista

 e sobre ele um barco

 e dentro dele

 um homem.

 

 Um homem solitário,

 no silêncio cortante da manhã,

 sem horizonte a se avistar,

 sem peixes a pescar:

 apenas homem, barco, solidão...

 

 Dentro do homem seres abissais,

 desses encontrados nas profundezas,

 do imaginário oceânico decomposto,

 como numa fábula de esponjas e líquens

 que assola todo homem só.

 

 E em sua longa espera

espera de perdão, espera da salvação

 na precária esperança que é viver,

 havia ali um homem feito de ausências,

  medo, fome e solidão.

 

E seria o mar azul dos sonhos dos poetas

 não fossem a memória cinza e o desejo rubro,

 e o desespero pálido, nas curvas do tempo,

  arquitetando enigmas e rugas e sulcos

 na face do homem solitário.

 

Uma face de presságios e miragens

 no embate entre o ceticismo e a fé,

  nos arremessos do barco contra rochas,

e nas geográficas formas de desespero

 das ondas e cheias da maré.

 

 E a noite seria ainda longa, triste e incerta

 e o homem descrente e exíguo

 não fosse suas mãos fechar-se em prece,

 pois a solidão não cala o homem,

 e a alma anônima clareia o dia

 nas sendas do destino que o consome,

no vasto mar a se perder de vista.

 

                       (Marcia Tigani - setembro 2012)

 

 

imagem br.artmajeur.com - lavadeiras no rio- Google

 

COMO UM RIO

       

 Um tempo só de água, que deságua

  no curso lento da história...

 Um leito d'água doce, areia e pedra.

 num vale qualquer, esquecido na memória...

  Inscrito, o tempo volta à superfície,

  do rio das vertigens e amores...

 Transbordam pelas margens realidade e sonho

  e inundam um velho coração...

 Ah!  Rio das causas profanas, das mães-joanas,

 das ninfas e mulheres, com suas roupas e bacias...

 Lavadeiras de peles curtidas ao sol, mãos calejadas

  causas perdidas... E  um   rio que  lava  toda  a   dor....

  Um menino chora é apenas um menino ainda

  e terá uma vida inteira a chorar...

  O povo ribeirinho desconhece verso e rima

  mas faz poesia ao luar...

  Tempo das mariposas, das cigarras, tempo quente

   de só água doce a refrescar...

   Lá fora um rio fecunda a terra seca

  aqui dentro uma angústia a apertar...

  Um pássaro colorido, um remanso, água pura, sabiá...

  A esperança é verde, o amor é azul, o desejo rubro...

  E o rio transparente sussurrando: passará, passará...

 

                     (Marcia Tigani Abril 2013)

 

 

 

ROMARIA

 

Pelo asfalto interminável e aquecido

sob o implacável Sol do meio-dia

seguem pés e cruzes de madeira

na solidão dos fiéis em romaria.

O vento que traz a fuligem e o pó,

mistura-se ao suor frio e encardido.

Há sorte esperada em todo nó

dos terços de cada olhar perdido.

 O destino é apenas a incerteza

nessas mãos enlaçadas a rezar,

  e a imagem carregada de beleza

é a prece implícita nesse altar.

Que destino é esse almejado,

se no percurso da longa travessia

a morte espreita a cada um

dos devotos da santa, em romaria?

Haverá esperança em cada pedra,

se a vida é andar sem paradeiro

sonhando com o pão e a água doce

e     ter a terra própria como esteio?

As cantigas evocam Aparecida,

senhora que habita o Santuário, 

no coração de cada alma bendita

e nas orações próprias de sacrário.

Há uma mãe que habita todo homem

que protege a prole e abençoa a lida,

longe é lugar que não existe

aos que tem fé na senhora Aparecida.

E seguem os pés feridos, em procissão

carregando a cruz que nos foi dada:

a vida é só uma longa romaria

pelas veredas dessa imensa estrada.

 

Marcia Tigani 12/10/2011

 

 

(POEMAS) 4 – Quais os poetas e obras que lestes e que são tua referência?   

 

Márcia - Minhas referências principais porque tocam no fundo da minha alma são Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade.  Mas identifico-me muito com os poemas de Hilda Hilst, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andersen e Mia Couto.

 

(POEMAS) 5 – Escolha um poema que admiras destes autores e coloque aqui para que possamos ler.

 

1-Reinvenção

 

A vida só é possível reinventada.

Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas. . .

Ah! Tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo... – mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.

Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.

Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.

Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcança...

Só - no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.

Só - nas trevas fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.

                     (Cecília Meireles)

 

2-A Máquina do Mundo

 

E como eu palmilhasse vagamente

uma estrada de Minas, pedregosa,

e no fecho da tarde um sino rouco

 

se misturasse ao som de meus sapatos

que era pausado e seco; e aves pairassem

no céu de chumbo, e suas formas pretas

 

lentamente se fossem diluindo

na escuridão maior, vinda dos montes

e de meu próprio ser desenganado,

 

a máquina do mundo se entreabriu

para quem de rompê-la já se esquivava

e só de tê-lo pensado se carpia.

 

Abriu-se majestosa e circunspecta,

sem emitir um som que fosse impuro

nem um clarão maior que o tolerável

 

pelas pupilas gastas na inspeção

contínua e dolorosa do deserto,

e pela mente exausta de mentar

 

toda uma realidade que transcende

a própria imagem sua debuxada

no rosto do mistério, nos abismos.

 

Abriu-se em calma pura, e convidando

quantos sentidos e intuições restavam

a quem de tê-los usado os já perdera

 

e nem desejaria recobrá-los,

se em vão e para sempre repetimos

os mesmos sem roteiro tristes périplos,

 

convidando-os a todos, em coorte,

a se aplicarem sobre o pasto inédito

da natureza mítica das coisas,

 

assim me disse, embora voz alguma

ou sopro ou eco o simples percussão

atestasse que alguém, sobre a montanha,

 

a outro alguém, noturno e miserável,

em colóquio se estava dirigindo:

“O que procuraste em ti ou fora de

 

teu ser restrito e nunca se mostrou,

mesmo afetando dar-se ou se rendendo,

e a cada instante mais se retraindo,

 

olha, repara, ausculta: essa riqueza

sobrante a toda pérola, essa ciência

sublime e formidável, mas hermética,

 

essa total explicação da vida,

esse nexo primeiro e singular,

que nem concebes mais, pois tão esquivo

 

revelou-se ante a pesquisa ardente

em que te consumiste… vê, contempla,

abre teu peito para agasalhá-lo.”

 

As mais soberbas pontes e edifícios,

o que nas oficinas se elabora,

o que pensado foi e logo atinge

 

distância superior ao pensamento,

os recursos da terra dominados,

e as paixões e os impulsos e os tormentos

 

e tudo que define o ser terrestre

ou se prolonga até nos animais

e chega às plantas para se embeber

 

no sono rancoroso dos minérios,

dá volta ao mundo e torna a se engolfar

na estranha ordem geométrica de tudo,

 

e o absurdo original e seus enigmas,

suas verdades altas mais que tantos

monumentos erguidos à verdade;

 

e a memória dos deuses, e o solene

sentimento de morte, que floresce

no caule da existência mais gloriosa,

 

tudo se apresentou nesse relance

e me chamou para seu reino augusto,

afinal submetido à vista humana.

 

Mas, como eu relutasse em responder

a tal apelo assim maravilhoso,

pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

 

a esperança mais mínima — esse anelo

de ver desvanecida a treva espessa

que entre os raios do sol inda se filtra;

 

como defuntas crenças convocadas

presto e fremente não se produzissem

a de novo tingir a neutra face

 

que vou pelos caminhos demonstrando,

e como se outro ser, não mais aquele

habitante de mim há tantos anos,

 

passasse a comandar minha vontade

que, já de si volúvel, se cerrava

semelhante a essas flores reticentes

 

em si mesmas abertas e fechadas;

como se um dom tardio já não fora

apetecível, antes despiciendo,

 

baixei os olhos, incurioso, lasso,

desdenhando colher a coisa oferta

que se abria gratuita a meu engenho.

 

A treva mais estrita já pousara

sobre a estrada de Minas, pedregosa,

e a máquina do mundo, repelida,

 

se foi miudamente recompondo,

enquanto eu, avaliando o que perdera,

seguia vagaroso, de mão pensas.

 

(Carlos Drummond de Andrade)

 

3-Che Guevara

 

Contra ti se ergueu a prudência dos inteligentes e o arrojo

                                                                  [dos patetas

A indecisão dos complicados e o primarismo

Daqueles que confundem revolução com desforra

 

De pôster em pôster a tua imagem paira na sociedade de

                                                                [consumo

Como o Cristo em sangue paira no alheamento ordenado das

                                                                [igrejas

 

Porém

Em frente do teu rosto

Medita o adolescente à noite no seu quarto

Quando procura emergir de um mundo que apodrece

 

(Sophia de Mello Breyner Andersen, in "O Nome das Coisas")

 

4-Identidade

 

Preciso ser um outro

para ser eu mesmo

 

Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta

 

Sou pólen sem inseto

 

Sou areia sustentando

o sexo das árvores

 

Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro

 

No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço.

 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

 

5-Poema em linha reta

 Fernando Pessoa

(Álvaro de Campos)

 

[538]

 

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

 

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

 

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

  

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

  

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

 

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 

 6-Árias Pequenas. Para Bandolim (Hilda Hilst)

 

Antes que o mundo acabe, Túlio,

Deita-te e prova

Esse milagre do gosto

Que se fez na minha boca

Enquanto o mundo grita

Belicoso. E ao meu lado

Te fazes árabe, me faço israelita

E nos cobrimos de beijos

E de flores

 

Antes que o mundo se acabe

Antes que acabe em nós

Nosso desejo.

 

(POEMAS) 6– O que você acha dessa criação desenfreada no mundo virtual?

 

Márcia - A internet      é o local propicio à produção e divulgação literária ,     fomenta, estimula, espalha a poesia freneticamente e facilita a criação literária. Mas  ao mesmo  tempo é  povoada    de  ilusões  do  que   é ser   poeta  e   do que  é    ser  reconhecido   pelo público:  premiações  "compradas"  pelo   próprio  autor,   que  são  comercializadas   na internet  ,   comendas sem qualquer  valor  literário,  apenas   estimulando o lado  narcísico  do  premiado,  festivais  e  concursos de  qualidade  duvidosa     e  principalmente,    a  mercantilização  da  poesia,  faz    com  que  a   net perca  muito  de   sua importância    para mim  enquanto  poeta.

 

(POEMAS) 7 – O que você diria para um poeta que está iniciando sua vida literária?

 

Márcia - Busque ler muito. E  não   tenha   vergonha de  expor-se.

 

(POEMAS) 8 – Fale de seus livros “Caminhante” e o mais recente “Navegações e Paragens” que sensações teve ao vê-los prontos?

 

Márcia - "Caminhante prosas e rimas ao vento”, editado pela Editora Somar, e lançado na Bienal  Internacional do livro de São Paulo em 2012 e     na Feira do Livro de Porto Alegre no mesmo ano, foi meu livro de estreia, onde procurei reunir alguns poemas e prosas      sobre temas existenciais, divididos em tópicos     que se basearam em temas comuns aos diversos poemas Foi uma experiência marcante, pois me introduziu no mundo editorial, até então desconhecido para mim. pois   participei  ativamente  da  confecção  e  revisão  do  livro   junto   com  as  editoras     Soninha  Porto  e  Márcia Peçanha  Martins,  num  processo  interativo    com  as  mesmas ,     que me encantou!.Ver o livro nascer, foi experimentar de certa forma      um sentimento maternal. E  esse  livro    também  me  estimulou  a   produzir  outro,  o  "Navegações e  paragens"  lançado  pela  editora  Tachion  na   Bienal Internacional  do  livro  de  São  Paulo em  2014. Este último livro trata do universo das águas, e meus poemas     transitaram pelos temas líquidos, desde a água em seus diversos estados até as metáforas que pude construir sobre o tema.

 

(POEMAS) 9 – Um livro é para toda vida e revelam muito de nossas emoções de viver, você concorda com isso? Que emoções você viveu ao criar seus livros?

 

 

Márcia - Sim, concordo plenamente! Como disse anteriormente, ver um livro nascer é sem dúvida experimentar uma espécie de sentimento maternal, que se mistura às emoções muito particulares de amor, entrega e carinho literário. Ser   lido   não   tem preço!  

 

Obrigada querida Poeta!

 

Soninha Porto

heisoninha@gmail.com 

 

 

 

 


Publicado por MARCIA TIGANI em 08/04/2015 às 21h04


Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr