CICLO
Pela vereda, o corpo inerte:
sombra solitária, vento leste.
Ocaso do infértil tempo
naves cíclicas, alheamento.
Pistilo enrugado e seco
sem rosácea, bagacento.
Desidratado estigma, estilete
cego, em ovário decadente.
É esse o gineceu poente:
inquieto, febril, doente.
Vênus que se despede à tarde
do sangue nas veias, sem vontade.
Malabar que ao destino concedeu
o olhar mais profundo do caduceu.
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 18/07/2016