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Canto anônimo
       Canto anônimo

    Não é teu o céu pintado
    à guache,  lápis-lázuli
     a iluminar  oásis
    de  cáctus  e  marfim.

    Nem é  tua a labareda,
    a história dessa guerra
      coração fincado à terra
     e à argila  carmesim.

    Tua é a  planície e o  sal
    o granito ,a  ovelha  atônita
    a  mulher e  a  voz  afônica
     de chorar, chorar sem fim

   Pelos filhos e  seus  espectros
   plasmados a  esmo  e  gesso
   em momento de recesso
   sob  tônica,álcool , gim.

   Não é tua a terra  própria
   nem a  vida,  nem a morte
   Em tuas mãos há lama  e corte
   E  teu  nome  é   Serafim.

    Terá fim  esse  cansaço?
    Será  o fim   deste  mormaço?
    Haverá   fim  o  anonimato
    a perseguir  Serafim?

           Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 15/10/2016
Alterado em 23/01/2021


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Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr