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ENIGMA
ENIGMA
Atrás da rama cítrica
ergue-se a esfínge:
alta, silenciosa
Puro enigma envolto
em fumaça de cânhamo
Despojado de calor
ladrilhado por pedaços
colados e pequenos
de uma vida híbrida
talhado na profusão
de ossos banhados
a chá de hibisco.

Olhar verde-turmalina
(alguma angústia?)
desprovido de geometria
e de epidérmicos desejos
escuro estigma
onde ronda o amor
sem jamais chegar:
como deserto
ou punhado de sal
destino sem flor
chão áspero de onde
mergulho no abismo

Por detrás da ramagem
esse eu todo torcido
como imagem seca
de carícia proibida
ignora vento, pó
areia e  dia
Fecha-se como pálpebra
à luz ou como labirinto
sem existência própria
Fujo dessa frígida silhueta
que me fere como lâmina
E me decifra

Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 10/05/2018


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Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr