Ponteio
Não me chamo Flor
As pétalas se foram.
Restaram espinhos
E seiva me percorre
Como sangue
Dedilho semitons
Que serpenteiam
O prefácio do dia
O epitáfio da noite
Sempre exangues
Tordilhos no pasto
Ruminam manhãs
Plasmadas de utopias
Sob acordes de viola
Ponteio!
Sorvo com raiva
Quase silvícola
O moralista
A beata:
F-A-S-C-I-S-T-A-S!
Diviso em mim
A Que fagocita
Que mata negros
Que engole o soma
Sodoma!
Fiz juramento:
Ser mansa , Maria
Mas me tornei fauno
Deus?
Já o esqueci...
Ponteio
Ponteando prantos
Costurando dores
Deixando rastros
E veios
No alto, bem no alto
Na ponta do pau- de - sebo
Espera- me a coragem
Irmã do ódio
Mãe da morte
Não sobrará nenhum Messias
Para contar história
Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 03/03/2020
Alterado em 06/05/2020