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Labirinto
Labirinto

Tenho asperezas
que me acompanham
desde antes de nascer

Tempos de ausências
em solo arenoso
de desertos despojados

Meus pés tateiam
o calcário de memórias
de  um  mundo paralelo

Torno à geometria
de coisas esquecidas
e de ossos guardados

Em  sua porosidade
levam- me a minerais
e líquens de outras eras

À um canto de sombras
ergo minhas lâminas
que cortam   nós

Como um punhal
atravesso a passos lentos
a mansão calada

Da janela ouço
a procissão de mulheres
moldadas a ferro e pedra

Seus cânticos falam
de lutas e misérias
mas possuem   ternura

Na parede ocre,retratos
guardam sorrisos
em tinta quase incolor

Um terreno movediço
em  trilha escondida
sob densa vegetação

Convida- me a ir  além
sob noite sem estrelas
a terras nunca pertencidas

Águas abissais
Trazem- me  à superfície
Já quase sem ar

E de novo  fecho- me  em concha.

      Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 23/06/2020
Alterado em 01/07/2020


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Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr