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Canto escuro
Canto escuro

Lua de topázio
inteira  nua
por entre nuvem
gelatinosa e cinza

Sua geografia
que imagino pura
move- se lentamente
como roda espessa

Eu que só respiro
a seca tessitura
de ar e algodão
como  autômato

Eu que me exponho
à coisa obscura
e invento engenharias
para me manter vivo

Não percebo tua presença
em si terra, em si crua
envolta em átomos
em fugitiva imagem

O que vejo são grades:
a máscara dura
e o álcool que escorre
de minhas mãos sujas

     Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 07/08/2020
Alterado em 12/03/2021


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Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr