Inscrito em ossos
Levaram- lhe os olhos
como se arrancam raízes
Mataram-lhes os filhos
como se amassam frutos
.Silenciaram suas bocas
como sepultam-se vivos
Calaram sua alma
ao interditar-lhes a arte
Ruas e becos são sobras
do que se pretendeu chama
Quebraram-lhe ossos
como se derrubam árvores
Restou-lhes a história
guardada em vão nas pedras
inscrita nos vãos das memórias
Restaram mulheres
de preto eterno
-Las passonarías-
no concreto das ruas
"No passarán" ,dizem elas
no translúcido das tardes
.
Eles no entanto passam
(sempre passam)
com suas botas de ferro
Passam como epidemias
levadas por algum vento rubro
na avenida coberta de sangue
Marcia Tigani
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 22/02/2022
Alterado em 22/02/2022