O chapéu de vilania

Gazelas, ovelhas, bovinos

Aplaudam o olhar oblíquo

Escondido sob abas

Da mulher enigma!

O que essa mulher enxerga

Por detrás de abas gigantes

Através do brilho fosco

Da névoa de janeiro ?

Nada é mais luminoso

( nem o broche na lapela)

Que antevê o futuro

Pelo chapéu de Melania

A comissura labial

Em sorriso torto

( Riso sardônico)

Está lá, na foto oficial

Gazelas, ovelhas, bovinos

Exaltem as sombras

Que as abas do adorno

enterram até o nariz

Fashionistas palpiteiros

Aplaudam a elegância sexy

Do olhar enrevesado

Enquanto narinas escorrem

Um.líquido espesso e verde

Transmuta-se em gás metano

E o ar fétido sai lentamente

Do chapéu de Melania

Ela sorri, enigmática

Evita mostrar os caninos

Sua voz escandida

Esconde sombras na garganta

Alfombras macias

Abraçam seus pés

Um pastiche airoso

Flui como vento alísio

Sob o imenso chapéu

A dama ri e evoca

Sonhos sionistas

Em algébricas posições

Cataventos tratam de disfarçar

(Sem sucesso)

O cinza chumbo , lúbrico

Dos pensamentos

O vento gélido continua :

Sopra a cada gestação

De geração em geração

Nascem serpentes

Marcia Tigani