JAMAIS - VÚ
Jamais- vù
Vinha pela estrada
A enxadrezar mundo
A zincar ideias .
Vinha imaginando
(desejos de homem )
pensamento fixo
em seios e sexo .
Num átimo, suas pupilas
Estreitaram- se :
A brancura do rosto
sucedeu o rubro etílico .
Um filme rolado ligeiro
ardeu-lhe as retinas .
Em súbito eclipse
abriram- se tantos desertos
quanto os já vividos .
Por suas escápulas
O medo apresentou- se
Frente à frente
(Frontispício inerte ).
Ele e o obscuro
Ele e a coisa alheia
Sumaúma e fauno
Zurzindo idéias ,
Desafiando certezas .
Ele, frente à frente
com o cavalo rosilho
pisoteando escaravelhos .
Desmontavam-se hipóteses
Na contra - mão das marés
Elíptica visão do apogeu
como ondas de macaréu.
E a voz da pessoa ausente
E o cheiro da mirra
E a mitra ao chão :
Dialogava com a esbórnia
Esbulhava sentidos .
Plena alucinação
de lendas vertebrais
em sintonia com o reino
vegetomineral .
Aquela luz ,aquela cruz
e a roldana a deslizar
Os olhos já vermelhos
esbugalhados de assombro
Desejou algum alívio
mas corria- lhe pelas pernas
a excreção em melena
Já lhe assolava o passado
alcóolico
(Malfazejo vício
de queimar garganta
com péssimas aminas )
Visão cósmica
do nada
Visão vesga
do nada
Rotunda aparição
A quebrar tabus
A lembra- lo
De fósseis sumérios
Tudo de uma só vez
Apresentado em tela :
Epidemias , zinabre, fungos
Pelas veredas
da grande noite
que sucedeu o dia .
E que abriu-lhe a mente
Não para mel e brilho
Mas para a coisa metálica
Para a pedra bruta
Para o fecho éclair.
Mensagem cifrada
Uma epifania
Epitáfio da verdade
Cravado na carne
Marcia TIGANI
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 11/04/2025